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NO ALÉM
Desde aquele tempo já brincava de falar de morte.
Se um dia o além vier me buscar
não derrube lágrimas falsas, sobre meu corpo,
que só aumentaria a dor, fazendo latejar
a ferida de minh’alma que vaga por aí, como um sopro.
Não fales só por respeito
que eu era bom.
Nem com medo suspeito
de quem era meu coração.
Não é necessário pensares em mim,
tua vontade será ainda uma ordem.
À noite peço apenas, erga teus lindos olhos. Assim.
Deixe-me de lá, contemplá-la muito bem.
Basta depois, fechá-los lentamente
e pronunciar baixinho, meu nome só para ti.
E ouvindo-o sair de teus lábios, sinceramente,
dir-te-ei,
durma bem que velo por ti.
1959
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